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terça-feira, 16 de novembro de 2010

Enfim...

A lembrança de Efigênia perturbara-me deveras... Por onde andas? Por quais cidades, ou ruas? Efigênia!
A mulher de meus estranhamentos, de minhas indagações, de minhas saudades e de meus insights... Trouxera, no espelho, tua imagem tão límpida, tão tênue. Vi-me tão jovem, tão vivo... Ocultara-te de mim. O eu de mim envelhecera; precisei tanto de ti; o teu eu fundiu-se em mim. Ressuscitou-me... teu reflexo no espelho, trouxe-me de novo a mim; quiçá, uma existência efêmera, contudo, estou vivo, graças ao teu maravilhoso ser.

Querida Efigênia, recebemos-te, calorosamente, felizes, peito aberto, prontos a amar-te. Bem sei, errei ao deixar-te partir, no entanto, estás de volta; pronta a amar-me outra vez. Mereço-te? Teu filho sofreu a tua ausência. A saudade tirou-lhe a alegria dos dias de verão. Menino triste, vivera os dias cinzas d’um outono infindo como eu, a tua espera. A esperar o ranger da porta no final das tardes.
Foste cruel, meu amor; sei, porém, que tua presença, hoje, és mais importante, trouxeste contigo a alegria dos dias de verão, dos dias pelos quais teu filho e eu esperávamos viver novamente ao teu lado. Fomos agraciados pela tua doce e feliz presença, almas vivificadas pelos teus lindos olhos azuis.
As vicissitudes dos dias cinzas findaram quimericamente. Realizara em nós o “felizes para sempre” dos contos de fada dos quais teu filho não esquecera, porquanto recitados por tua dulcíssima voz ao pé de sua cama.
Renato sonhava todas as noites contigo. Eu sonhava-me acordado com as noites de amor as quais tivemos, com os dias felizes. O tempo, amiude, venceu-me; a saudade doía qual ferida exposta; meu coração? Sibilava teu nome: Efigênia, Efigênia... descomedido, inconsequente... Efigênia, Efigênia... inquietava-me o sono, os dias, a vida. No entanto, estás de volta, pronta a amar-me outra vez.
Tua presença, teu amor irradiam meu ser. Tua ausência eclipsou-me a alma. A casa sombria outrossim espreitava a esquina a tua espera: dias, noites, semanas, meses e anos. Mau dia me levantei em que tu partiste a levar contigo minh’alma e a de teu filho. Precisávamos de ti, amor meu, todos os intermináveis dias; conflitos infindáveis sem ti para acalmar-nos o ânimo, afagar-nos a face.
Vês como tua chegada devolveu vida a nós, a casa? Sou grato a ti pelos dias os quais passei ausente de mim mesmo, aprendi a lição, árdua, confesso, mas aprendi. Fomos contigo e regressamos d’uma tempestade, enfim, a bonança. Perdoa-me pelos erros que cometi? Prometo ouvir-te, amar-te mais que amo.
Acalma-me com teu beijo, teu abraço, amor.
Vês como teu filho cresceu? Minha barba? ficou por fazer... os cabelos brancos representam, teatralmente, o drama de meus dias sem ti.
Teu perfume volveu as cores às flores do jardim, vês como alegres ornam nossa casa? ‘Té o sol obscureceu; a quem iria alumiar, se tu és a razão de sua existência? A luz da lua fugiu contigo. No teu regresso, o mundo, os astros voltaram ao seu labor. Os pássaros deixaram de cantar, bramiam, em coro, teu nome: EFIGÊNIA, EFIGÊNIA...
Todos somos gratos por teu regresso, extinguimos de nossas faces o quê sorumbático dos dias sem ti.

Teu para sempre,
Armando

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Esboço

Rubem Alves, certa vez, afirmou que as histórias são criadas a partir de cacos de memórias, de pedaços de nós (sejam vividos ou ouvidos). E, de certa forma, escrever é ter um pouco de mim: saudades, memórias, amores, ideais... Mas também um pouco daquilo que sonhei e não tive. Dos livros que li até hoje: miscelânea de sentimentos os quais a vida – esse grande livro a se escrever –, as pessoas – personagens deste – propiciam-nos.
A história – o livro – é uma forma de abençoar uma vida que não foi abençoada - segundo Clarice Lispector -, projetar as reminiscências de uma vida que se quis e não se pôde vivê-la: memórias de um passado preso à imaginação de quem a escreve e a idealiza.
O ato de escrever é uma forma de compartilhar tudo que se tem de bom e de mau com o mundo: o mais recôndito de seus sentimentos, de suas vontades. Revelar-se ao outro e encontrar-se nele; esse é o viver sem fronteiras...

Desabrochei na faculdade. O fantástico mundo das Letras propiciou-me um descobrimento de mim mesma na palavra, no ato de escrever. Revelou-me que a leitura é uma proposição de felicidade como bem afirmou Mário de Andrade. E ser, portanto, escritor-leitor proporciona momentos vários dessa tal felicidade; experiências de vida na palavra: vivida, ouvida, escrita...

Escrever é esperar ser lido e as palavras esperam isso, almejam encontrar com suas “irmãs” as quais ainda não brotaram para propiciar-lhes esperança e dar fôlego para uma nova caminhada: diacrônica, diatópica, diastrática e diafásica; o viajar sem fronteiras... do qual almejamos experimentar, mesmo que o viver se restrinja a um sonho transposto: do papel à realidade (do sonho). Por isso, creio que escrever seja uma forma de poder viver uma nova (ou novas) realidade: sonhada, idealizada numa vida para qual, talvez, o tempo não propicie espaço. Quiçá, seja, uma forma de viver outras vidas, ter autonomia para destiná-las, muito embora, mesmo na ficção, não tenhamos muitas escolhas, pois de fato, as palavras falam por si e, como já foi ressaltado, são vivas, uma vez escritas seguem seu caminho...

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Haver

Tenho vontade de haver, tornar-me o verbo haver: na escuridão haja luz, no silêncio haja voz. Na guerra haver paz, do divórcio haver união...
O que há de haver?
Haja multiplicação do nada: da fome à fartura, do desamor ao transbordar-se de amor, das religiões a um só Deus, uma só paz. Do corpo da igreja a um só cabeça: Jesus.
O que há de haver?
Haja das ideias à solução: fartura, amor, paz, união...
Da falta haja o tudo, tudo que de nós puder haver para a multiplicação: das mãos estendidas, do saciar a fome, do aquecer o frio, da real globalização!

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Qual?

Pensei em tantas ideias para escrever... tantas que é árdua a tarefa do escolher! Falar do dia dos santos os quais, supostamente, obram milagres? Do dia do comércio para as crianças? Da Reforma a qual tão logo aniversaria? Das pessoas que foram queimadas como hereges? Ou ainda do dia das bruxas?
Ideias apenas ideias...
Contudo, ainda surge-me a dúvida: sobre qual delas discorrer?
Idolatria, dinheiro, injustiça, ocultismo... apenas ideias!

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

...

O ato de escrever é uma forma de compartilhar tudo que se tem de bom e de mau com o mundo: o mais recôndito de seus sentimentos, de suas vontades. Revelar-se ao outro e encontrar-se nele; esse é o viver sem fronteiras...
Creio que o globalizar-se é viajar na literatura, nas ambiências das histórias, porque todos - que escrevemos - esperamos ser lidos, esvaziar-se no outro, compartilhar nossas vicissitudes, acertos, dissidências...
Escrever é comungar, é multiplicar, é dar-se ao outro e esperar: a comunhão, a multiplicação das ideias, das dúvidas, das alegrias; quiçá receber a descomunalidade...

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Reminiscências

Às vezes, eu me sinto pouco Matilda – para àqueles que a desconhecem, explico: Matilda é a história de uma menina autoditada, doce, inteligente, amorosa, a qual vivia num ambiente familiar muito diferente dela: o pai, vendedor de carros usados com peças roubadas; a mãe vivia a preocupar-se apenas com a aparência; o irmão era um “toupeira”. Seu sonho era ir à escola. Até que, por muita insistência de sua parte, o pai a matriculou. Conheceu uma professora tão doce como ela e as duas viveram momentos muito peculiares de felicidade. Voltemos agora ao início da ideia: sinto-me Matilda, motivo? Vejamos... não me identifico muito com os membros de minha família, por alguns motivos semelhantes aos de Matilda. E é nesse ponto em que ao longo da vida deparamo-nos com novos membros da família, os de adoção. Muitos dos quais nos reconhecemos como irmãos, pai, mãe, avô...
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