terça-feira, 15 de março de 2011

Cidade da Criança: o vale de bênçãos






“Pois sabemos que todas as coisas trabalham juntas para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles a quem ele chamou de acordo com o seu plano.” Romanos 8:28

“Re opitulandum, non verbis (Obras são amores e não palavras)”
Provérbio latino

Destacamos os dois excertos acima para relatar a nossa alegria em servir como mensageiros e administrados da graça de nosso Senhor Jesus Cristo.
Em janeiro passado no dia 29, envolvemo-nos afetivamente com as crianças e adolescentes da Cidade da criança no Vale da Bênção em Araçariguama na entrega de bíblias que fizemos como representantes da mocidade presbiteriana independente de Osasco para 75 crianças e adolescentes. Sentimo-nos como Paulo e Silas quando esses chegaram a Bereia (Atos 17:10-11), porque também fomos recebidos por pessoas educadas com as quais compartilhamos uma mensagem de esperança e verdadeira.
Cantamos, oramos, lemos e louvamos em uníssono com toda a alegria que o Espírito pode nos dar. Foi um momento ímpar para os quatro jovens que participaram da entrega e da devocional (Willian Franklin Moreia, Simony Oliveira, Carlucio Farias Pontes e, eu, Juliana de Araujo) além de dois amigos os quais nos acompanharam: Daniel Mendonça e Creuza Machado de Oliveira.

Podíamos vislumbrar em seus rostos a alegria quando entregamos um volume da bíblia (NTLH) a cada um de acordo com a idade. Depois da entrega sugeri que lêssemos alguns versículos de Romanos 8, pois era a mensagem a qual desejamos compartilhar com eles. Encerramos com a oração que o Senhor Jesus nos ensinou.
Posterior a devocional, fomos visitar a casa dos bebês e deparamo-nos com uma placa na qual dizia que a Cidade da criança fora construída com investimentos do governo da Finlândia e apercebemo-nos quão importante é o investimento financeiro na vida dessas pessoinhas, e quanto ainda falhamos no viver o Reino de Deus em nosso dia-a-dia.
Supreendeu-nos também uma novidade: nós fomos os primeiros a ofertar bíblias às crianças e adolescentes de ali. Soubemos que há muitas igrejas parceiras cujo intuito é oferecer recursos financeiros além do oferecido pelos governos: municipais, estaduais e federais. Ora Cristo disse: “O ser humano não vive só de pão, mas vive de tudo o que Deus diz.” Percebemos que o hábito do cristão de ofertar um bíblia caiu em desuso, há algo errado? Como ouvirão se não há quem pregue? Digo ainda: como lerão se não quem a bíblia oferte?
Obras são amores e não palavras. Eis o provérbio latino o qual reafirma a verdade da cruz: “Porque Deus amou o mundo tanto, que deu o seu único Filho, para que todo aquele que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna.” João 3:16. Aprendamos não só decorar o versículo para a escola dominical, mas também vivê-lo e apregoá-lo perenemente.

Essa experiência certamente mudará qualquer cristão que vive o evangelho! Reaprendamos a compartilhar nossas bênçãos e a alegria de cantar: “Que segurança SOU DE JESUS!”
Oremos pelas crianças e adolescentes, conheçamos e participemos das suas vidas. Investir no Reino Deus é o caminho!
Por fim desejamos apenas destacar nosso carinho à Cidade da criança, às “mães” que cuidam e amam cada uma das crianças e em especial à Rosana que nos recebeu com muita felicidade e emoção.
Deus abençoe a todos em Cristo Jesus!

“Ao Rei eterno, imortal e invisível, o único Deus — a ele sejam dadas a honra e a glória, para todo o sempre! Amém!”I Timóteo 1:17




Pela Coroa Real do Salvador

Juliana de Araujo

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Ex-muçulmano compartilha sua primeira experiência com seminário


12/2/2011 - 06h30

Dhaka, em Bangladesh
BANGLADESH (47º) - "Nós somos perseguidos pela nossa família e pela sociedade de muitas formas: mentalmente, financeiramente, fisicamente, emocionalmente e moralmente", disse Moniruzzaman Mollah, um ex-muçulmano rural de Gopalpur, distrito de Tangail, distante cerca de 90 km da capital de Bangladesh, Dhaka. Ele participou do seminário da Portas Abertas "Permanecendo Firme Através da Tempestade" (PFAT) no ano passado. Essa foi sua primeira experiência com o PFAT.

"Apreciei muito o PFAT. A sessão sobre a Constituição de Bangladesh é especialmente útil para mim. Eu nunca tive a oportunidade de estudá-la e entender os meus direitos como cristão. Nossa lei nos permite compartilhar o evangelho com os outros e observar as tradições e práticas cristãs. É encorajador aprender isso", acrescentou Moniruzzaman.

O programa PFAT é um seminário de três dias que dissemina os princípios bíblicos sobre perseguição, de forma que os cristãos sejam esclarecidos nesses quesitos. Uma das sessões proporciona conselhos práticos sobre como responder aos desafios de seguir a Cristo em lugares onde existem hostilidades. Portas Abertas fornece manuais traduzidos na linguagem local, para que os participantes, assim como Moniruzzaman, possam ensinar outros cristãos em seus respectivos vilarejos.

Além do ensinamento, o PFAT é também uma das raras ocasiões em que esses cristãos se encontram para confraternizar, trocando histórias e oração. Como participante pela primeira vez, Moniruzzaman pôde ouvir testemunhos e experiências de perseguição de seus companheiros ex-muçulmanos e até de cristãos de outros países.

"Fiquei comovido com as histórias das pessoas que vieram de diferentes partes de Bangladesh e do mundo. Um professor compartilhou uma experiência pessoal que abriu meus olhos para as várias formas de perseguição que os cristãos enfrentam", disse ele.

Os cristãos rurais representam a maioria dos cristãos em Bangladesh. Para eles, a perseguição é uma realidade diária. Novos cristãos sentem imediatamente a pressão de famílias e parentes para retornar à sua religião antiga. Eles perdem seus empregos e outros tipos de sustento, assim que seus vizinhos e os líderes do vilarejo são informados de sua conversão. Algumas vezes, medidas extremas são tomadas contra eles, na forma de isolamento da comunidade, expulsão de suas casas e ataques físicos.

Através do PFAT, a Portas Abertas espera preparar os cristãos em Bangladesh para reagir com sabedoria, perdão e bondade, especialmente em relação a seus perseguidores.

"Agora eu sei que, quando a perseguição vem, é momento de permanecer firme através da oração e leitura da bíblia. Não é momento de contender com as pessoas que me perseguem. Mesmo nos momentos de dificuldade, eu continuarei amando os outros, falando-lhes acerca da salvação de Cristo. Sou grato às pessoas que organizaram este seminário para nós", compartilhou Moniruzzaman.

Nós somos igualmente agradecidos ao Corpo de Cristo mundialmente por apoiar o programa PFAT. Em 2011, por favor, continue nos apoiando em oração e contribuindo, enquanto mantemos oito seminários SSTS em Bangladesh, que devem atingir 480 cristãos. Vinte (20) professores locais também passarão por um programa de treinamento, para fazê-los mais efetivos no ensinamento das lições do seminário.


Tradução: Luis Felipe Carrijo Silva



Fonte: Portas Abertas http://www.portasabertas.org.br/

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Ágape: amor de Deus


Tudo que Deus fez e faz é admirável, lindo e digno de veneração. Adoramos um Deus que fez tudo por nós!
De fato o amor é a razão de existirmos, o amor é expresso em toda a narrativa bíblica.
Creio que podemos amar as obras de Deus, contudo, acontecerá apenas quando formos agraciados com o Espírito Santo, Espírito esse que é todo amor. Na carta aos Gálatas 5: 22-23, Paulo fala sobre os frutos do Espírito e o amor é um deles. O amor não é um dom, mas um presente de Deus.
Todo o Novo Testamento circunda o amor: por amor Deus entregou Seu Filho, por amor Jesus nasceu de uma mulher e tornou-se homem, morreu numa cruz e ressuscitou, por amor Deus enviou Seu Espírito como primícia da glória futura, como marca de Sua propriedade, por amor enviou Cristo seus discípulos para falar da salvação conseguida apenas por Seu nome, por amor Deus nos criou e em Cristo nos tornou seus filhos e co-herdeiros da graça.
Tudo que temos e somos foi dado por amor. Aqueles, no entanto, que desconhecem essas bênçãos jamais amarão a Grécia, o Brasil ou qualquer outro país. Sem o amor de Deus nunca amaremos o outro e faremos tudo que o Senhor nos orientou.
Quando dizemos que conseguimos amar por nós mesmos estamos pecando. Tudo que leva à vaidade é pecado e não provêm da fé!
O apóstolo João também falou do amor: como podemos dizer que amamos a Deus a quem nunca vimos e não amamos nosso irmão que vemos? I João 4:20
Consigo apenas falar de amor sob o prisma cristão. Tudo que eu tinha como bom e de valor hoje é lixo. Não consigo imaginar minha vida sem o amor de Deus, mesmo quando olho para todas as pessoas que não reconhecem Deus como Senhor e Criador de tudo, vejo a misericórdia e o amor de Deus fluir, porque Deus é amor e por amor de nós conduz a humanidade, permite que o mal esteja no mundo e entre nós para que quando O conheçamos de fato, possamos olhar para nossas vidas e reconhecer todo Seu cuidado conosco.
O apóstolo Paulo pediu que Deus retirasse o espinho de sua carne, mas Deus o advertiu: "'A minha graça é tudo o que você precisa, pois o meu poder é mais forte quando você está fraco.' Portanto, eu me sinto muito feliz em me gabar das minhas fraquezas, para que assim a proteção do poder de Cristo esteja comigo." II Coríntios 12:9

Não é possível a ninguém amar sem que o amor venha do coração de Deus. Cristo disse que seria fácil alguém morrer por um justo, mas e por um pecador? No entanto, Ele morreu por todos nós. Por amor Ele disse que devemos orar por nossos inimigos, difícil? Deus, contudo, faz isso por nós, Ele ora conosco, pois Seu Auxiliador, o Espírito Santo, habita em nós!
O apóstolo João em sua epístola afirma: "Sabemos o que é o amor por causa disto: Cristo deu a sua vida por nós. Por isso nós também devemos dar a nossa vida pelos nossos irmãos." I João 3:16 Creio que era a isso que o apóstolo se referia quando disse: "Sigam o meu exemplo como eu sigo o exemplo de Cristo." I Coríntios 11:1


Deus é todo amor, portanto: amemo-nos!


Shalom Adonai!

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Manifesto Presbiteriano sobre a Lei da Homofobia

Leitura: Salmo
O Salmo 1, juntamente com outras passagens da Bíblia, mostra que a ética da tradição judaico-cristã distingue entre comportamentos aceitáveis e não aceitáveis para o cristão. A nossa cultura está mais e mais permeada pelo relativismo moral e cada vez mais distante de referenciais que mostram o certo e o errado. Todavia, os cristãos se guiam pelos referenciais morais da Bíblia e não pelas mudanças de valores que ocorrem em todas as culturas.Uma das questões que tem chamado a atenção do povo brasileiro é o projeto de lei em tramitação na Câmara que pretende tornar crime manifestações contrárias à homossexualidade. A Igreja Presbiteriana do Brasil, a Associada Vitalícia do Mackenzie, pronunciou-se recentemente sobre esse assunto. O pronunciamento afirma por um lado o respeito devido a todas as pessoas, independentemente de suas escolhas sexuais; por outro, afirma o direito da livre expressão, garantido pela Constituição, direito esse que será tolhido caso a chamada lei da homofobia seja aprovada.
A Universidade Presbiteriana Mackenzie, sendo de natureza confessional, cristã e reformada, guia-se em sua ética pelos valores presbiterianos. O manifesto presbiteriano sobre a homofobia, reproduzido abaixo, serve de orientação à comunidade acadêmica, quanto ao que pensa a Associada Vitalícia sobre esse assunto:
“Quanto à chamada LEI DA HOMOFOBIA, que parte do princípio que toda manifestação contrária ao homossexualismo é homofóbica, e que caracteriza como crime todas essas manifestações, a Igreja Presbiteriana do Brasil repudia a caracterização da expressão do ensino bíblico sobre o homossexualismo como sendo homofobia, ao mesmo tempo em que repudia qualquer forma de violência contra o ser humano criado à imagem de Deus, o que inclui homossexuais e quaisquer outros cidadãos.
Visto que: (1) a promulgação da nossa Carta Magna em 1988 já previa direitos e garantias individuais para todos os cidadãos brasileiros; (2) as medidas legais que surgiram visando beneficiar homossexuais, como o reconhecimento da sua união estável, a adoção por homossexuais, o direito patrimonial e a previsão de benefícios por parte do INSS foram tomadas buscando resolver casos concretos sem, contudo, observar o interesse público, o bem comum e a legislação pátria vigente; (3) a liberdade religiosa assegura a todo cidadão brasileiro a exposição de sua fé sem a interferência do Estado, sendo a este vedada a interferência nas formas de culto, na subvenção de quaisquer cultos e ainda na própria opção pela inexistência de fé e culto; (4) a liberdade de expressão, como direito individual e coletivo, corrobora com a mãe das liberdades, a liberdade de consciência, mantendo o Estado eqüidistante das manifestações cúlticas em todas as culturas e expressões religiosas do nosso País; (5) as Escrituras Sagradas, sobre as quais a Igreja Presbiteriana do Brasil firma suas crenças e práticas, ensinam que Deus criou a humanidade com uma diferenciação sexual (homem e mulher) e com propósitos heterossexuais específicos que envolvem o casamento, a unidade sexual e a procriação; e que Jesus Cristo ratificou esse entendimento ao dizer, “. . . desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher” (Marcos 10.6); e que os apóstolos de Cristo entendiam que a prática homossexual era pecaminosa e contrária aos planos originais de Deus (Romanos 1.24-27; 1Coríntios 6:9-11).
A Igreja Presbiteriana do Brasil MANIFESTA-SE contra a aprovação da chamada lei da homofobia, por entender que ensinar e pregar contra a prática do homossexualismo não é homofobia, por entender que uma lei dessa natureza maximiza direitos a um determinado grupo de cidadãos, ao mesmo tempo em que minimiza, atrofia e falece direitos e princípios já determinados principalmente pela Carta Magna e pela Declaração Universal de Direitos Humanos; e por entender que tal lei interfere diretamente na liberdade e na missão das igrejas de todas orientações de falarem, pregarem e ensinarem sobre a conduta e o comportamento ético de todos, inclusive dos homossexuais.
Portanto, a Igreja Presbiteriana do Brasil reafirma seu direito de expressar-se, em público e em privado, sobre todo e qualquer comportamento humano, no cumprimento de sua missão de anunciar o Evangelho, conclamando a todos ao arrependimento e à fé em Jesus Cristo”.

Rev. Dr. Augustus Nicodemus Gomes Lopes
Chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O poder das Mulheres

Escrito por Caio Fábio
Dom, 07 de Novembro de 2010 22:40


As mulheres são os seres mais poderosos da Terra. Sexo frágil? Qual? Na realidade o que se deveria dizer é que sexo é o fraco dos homens, e o forte das mulheres. Como? Ora, desde sempre foi assim. A própria narrativa do Gênesis diz que a mulher foi quem persuadiu o homem a comer do fruto. Sim, a mulher tem poder para fazer o homem comer qualquer fruto.
De fato, tal poder de persuasão decorre dessa força frágil, que geme, que pede, que insinua, que paga com “alegrias”, que põe o homem no caminho do desejo de possuir, sem saber que ele é o possuído; isto quando a mulher é sábia. Na minha maneira de ver não há nada de errado em possuir tal poder. Afinal, essa persuasão é uma dádiva divina. O problema é que na maioria das vezes esse poder é usado de modo burro e insensato. Sim, porque ao invés de se persuadir para o que bom, para o que concilia e promove a paz, e para tudo aquilo que possa ser sedução da sensatez, essa força é, muitas vezes, apenas usada para manipular e para negociar com o homem, e nos termos distorcidos dos machos. Assim, esse maravilhoso poder passa a só ser percebido como sedução sexual, e quase nunca como poder para exercer a persuasão da sabedoria. Isto porque é minha convicção que toda mulher que decide usar esse poder para o bem, vem a tornar-se o ser mais desejável e bem-aventurado que pode existir na vida. Infelizmente, no entanto, as invejas, as vaidades, as competições pequenas, e a mesquinharia, acabam por fazer com tal poder acabe por ser quase sempre apenas sedução para a guerra ou para a manipulação que torna a mulher menos mulher, e mais parecida com o homem. Na realidade as mulheres parecem ter perdido a ambição da persuasão da sabedoria. De fato, a mulher sábia está fora de moda, e as que ainda existem têm medo de se manifestar, visto que sensatez virou caretice para boa parte das mulheres. Então, vê-se essa virtude e poder sendo usados para se ‘revolver’ no pior da vida, e não para propor e viver a vida que constrange pela sabedoria. De fato me alegro imensamente quando encontro uma mulher que é mais confiante na sabedoria do que na sedução, e mais comprometida com o poder do bom senso do que com a capacidade de usar seu poder para coisas pequenas, embora consideradas intocáveis como espertezas femininas. Todo fruto, mesmo que venenoso, sendo dado por uma mulher, tem o poder de se tornar irresistível. Mas a mulher precisa recuperar a percepção de que sua grande força é ser mulher que persuade para o bem. Não é à toa que Paulo diz que a mulher é a glória do homem! “Glória”, antes de ser nome de mulher, deve ser o estado saudável do ser feminino.


Que Deus nos abençoe

Caio Fábio

http://www.caiofabio.com/
Fonte:
http://www.revistasalvador.com/index.php?option=com_content&view=article&id=119:o-poder-das-mulheres&catid=75:caio-fabio&Itemid=60

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Em tempos de Eu...

"Só a vida ensina a viver. É preciso a gente ver primeiro tudo que a vida tem de mau e de sórdido para depois podermos descobrir o que ela tem de belo e de bom, de profundamente bom." Érico Veríssimo

– Mas que é sustentabilidade? Sustentável, que tantos falam ultimamente na televisão? – interrogava Angelina.
– Na dúvida, vejamos o Aurélio. – respondia-lhe Cassiano – Hum, sustentar: “Segurar para que não caia; suster, suportar. Afirmar categoricamente. Confirmar. Resistir a. Conservar, manter. Alimentar física e moralmente. Prover de víveres ou munições. Impedir a ruína ou queda de. Animar, alentar. Sofrer com resignação; aguentar. Defender com argumentos ou razões. Pelejar a favor de. Conservar a mesma posição; suster-se. Alimentar- -se.”. Entendeu?
– Não, meu bem, eu sei o que significa sustentar, mas o que não entendo é o significado disso na preservação do meio ambiente, do mundo. O que são esses tais métodos sustentáveis? – redarguia-lhe.
– Li uma definição interessante outro dia, olha só: “desenvolvimento sustentável é aquele que gera recursos hoje, garantindo as necessidades das gerações presentes, sem comprometer o direito que as gerações de amanhã têm de usufruir esses mesmos recursos.” Eu acredito que seja uma forma de promover um bem-estar à humanidade, ao mundo, sem prejudicar nenhuma geração, principalmente, as futuras. Porque todos temos sofrido com a irresponsabilidade do Homem. Às vezes, eu penso que a tecnologia também contribuiu pra esse caos do mundo. As empresas têm se preocupado com o meio ambiente. Mas veja só, por exemplo, tentam nos conscientizar que devemos preservar o meio ambiente, separar o lixo, reutilizar as coisas, como o papel, e a grande controvérsia: é o papel mais caro. Não acha estranho?
– Estranhíssimo... Cassiano, você trabalha numa empresa que utiliza esses recursos que falou, mas eles capacitam as pessoas para não só ter essa consciência, mas agir também?
– Sim e não... depende de cada pessoa, adianta ensinar uma pessoa que não tem boa vontade, que só pensa em si? Ultimamente, vivemos nos tempos do “eu”, o “cada um por si e Deus para todos”. E quanto a nós, que fazemos para sustentar o meio ambiente, ou pelo menos, o meio em que vivemos?
– Economizar água, luz, separar o lixo, varrer a calçada, ao invés de, esperdiçar água, juntar toda a roupa para lavar d’uma vez. Mas sempre deixamos que algo escape... Nós assistimos à televisão enquanto o computador fica ligado à toa. A solução, querido, é voltarmos à idade da pedra... – um riso saia boca afora. Talvez, fosse uma revolução a que propunha ao marido. Quem, hoje, se submeteria a aceitar algumas restrições no seu cotidiano? Quem se preocupa com a preservação da Mata Atlântica ou da Amazônia? São coisas a se pensar... O casal discutia a respeito de questões fora do comum a qualquer casal da atualidade. Não acham? Que pais ensinam aos filhos a não jogar um lixinho na rua, na praia? A não maltratar um pobre animalzinho indefeso? Ou os conceitos primordiais (éticos e morais) a qualquer pessoa?
– Boa consciência...
– Poucos têm, acho... Mesmo nós falamos disso, hoje é um dia incomum. Essa preocupação, deixamos sempre ao próximo, às ONG... por isso o mundo está desse jeito.
– Amor, pense comigo: temos sido bons pais? Sustentamos nossos filhos em todos os sentidos? Eu me sinto tão distante das crianças... você me questiona sobre essas coisas, mas não a vejo falar de nossos filhos, de suas preocupações com o futuro deles, ou estou enganado?
– Ah lá vem você com sua psicologia barata – ironizava.
– Angelina, assim me ofende, mas pense, não estou certo? Precisamos cuidar melhor de nossos filhos. Sustentar não significa só prover alimento, mas também condições para que eles possam encarar o futuro, estejam bem preparados ética e moralmente. Você mesma disse uma vez que criamos os filhos para o mundo. E como age para isso? Só compra maquiagem, pensa em passear, em gastar dinheiro. E nossos filhos onde ficam? Não assume, mas é, sim, egoísta.
– Seu cretino, sabia que de alguma forma iria chegar nesse assunto, me culpar por suas irresponsabilidades. Olha você, todo dia chega tarde, não perde uma cerveja com os amigos, o maldito futebol. E eu é que sou a culpada? A única? Analise-se bem, Cassiano. – os ânimos estão, como dizem, à flor da pele. Uma discussão necessária, creio...
– Tudo bem, não precisa me ofender... sabe que não gosto de baixaria, ainda mais pelo horário. Amo meus filhos e estou preocupado com eles, porque estão naquela fase: a aborrecência. E estão rodeados de perigos, sabe? Drogas, sexo... não quero nem pensar na minha filhinha com um homem.
– Cassiano, a Rebeca tem vinte anos e não é virgem desde os dezesseis. Então comece a pensar nisso, porque você está atrasado, e muito. O Cassinho também com vinte e três já não é mais um adolescente. Viu só quem é egoísta? Não sabe nada dos seus filhos... Pagar as contas é sua única obrigação? – o marido decerto refletiu. Na verdade, passou toda à noite a refletir na discussão que tivera com a esposa. Cassiano era do tipo de marido que acreditava que as obrigações do homem eram apenas prover um bem-estar à família, bem-estar financeiro. A família não era abastada, vivia, contudo, bem, viajava todo final de ano nas férias de família. E sempre, sempre havia uma discussãozinha à toa entre marido e mulher.
Naquela noite, Cassiano chorou, soluçava deitado no sofá da sala, encolhido, a pensar em sua vida e na de seus filhos. Rebeca não era mais virgem? Não podia crer que sua menininha não era mais... virgem, não era sua pequena donzela. Não sabia nem que pensar... Era um pai ausente para infelicidade própria. Os amigos depois do trabalho? não eram... era, na verdade, uma amante, nem sabia ao certo desde quando. Tragédia brasileira... como encarar o amanhã depois de Rebeca?

– Angie, bom dia, desculpe pelas coisas que disse ontem. – a esposa via na cara amassada do marido, nos olhos inchados, a noite mal dormida no sofá. – não dormi a noite toda a pensar nas coisas que me disse e naquelas que falei. E precisamos conversar. – rompeu no choro – eu, eu te amo tanto, tanto, mas sempre fui um calhorda com você e as crianças... reconheço meu erro, não reconheci em você, em tudo que construímos o meu futuro, a minha felicidade. Consegue me perdoar por tudo que fiz?
– Do que está falando? Não consigo entender ao que se refere!
– Me perdoa, apenas diga que me perdoa...
– Perdoar o que, criatura?
– Eu... eu te-tenho... uma amante. Me perdoa, por favor! Só tive coragem de confessar depois de tudo que conversamos ontem, depois da Rebeca... Saber que fui ausente em tudo e quero corrigir meu erro, consertar, refazer...
– Todo esse tempo você me fez de idiota? – as lágrimas caiam-lhe no rosto – por isso que não me procurava à noite? Estava sempre cansado! Até o futebol era uma desculpa pra se encontrar com, com... – nem conseguia dizer, era, era uma amante.
– Eu é que sou um idiota, um imbecil, por deixar minha família de lado por uma qualquer.
– Há quanto tempo você me trai?
– Pra que quer saber? Isso não leva a nada... não precisa saber disso, não precisa sofrer mais!
– Como não sofrer mais, Cassiano? Você joga uma bomba dentro de casa, da nossa família e não quer que... – o choro engasgava as palavras. – p... pergunte, que eu queira saber detalhes? Há quanto tempo você me trai? Quanto? Quem é a mulher?
– Se... sete anos... acho, me perdoa, amor!
– Amor? Sou alguma idiota? Acho que sim, por nunca ter percebido...
– Não fala assim... fale mais baixo, não quero que as crianças nos ouçam.
– Crianças? Que eles saibam que o pai deles é um imoral, um imbecil que não ama sua família. E ainda quis me culpar pelos problemas de casa?
– Eu amo vocês, não diga isso, sou louco por vocês... não conseguiria passar um só dia sem vocês.
– Pois terá que aprender, porque não quero mais ser sua esposa. – as palavras que lhe saiam doíam mais que a traição, afinal, Cassiano foi o único homem de sua vida, seu primeiro amor, pai de seus filhos, apesar da cólera momentânea o amava...
– Não diga isso, prefiro morrer... me perdoa! – ajoelhou ante a esposa a beijar-lhe os pés e molhá-los com suas lágrimas – me perdoa, me perdoa! Prometo que nunca mais vou olhar pra mulher nenhuma. Me perdoa.
– Perdoar? Eu é que tenho de me perdoar por ser tão burra, por escolher tão mal um marido. Bem fazem as mulheres que ficam solteiras... como me arrependo, não pelos meus filhos, mas você... Quem é a mulher?
– A Kátia...
– A Kátia, justamente, ela? Minha irmã? Ela sabe de todas as dificuldades de nosso casamento, das crises, de todo o tempo que abstivemos do sexo. Por quê ela, Cassiano? E ainda quer que o perdoe? Saia daqui... – rompia num choro de dor, permanecia inerte após o nome: Kátia! Sua irmã? Tinha de superar...

Quando os filhos souberam da traição do pai, odiaram-no, não queriam nem pensar... Choraram qual a mãe, um choro de desespero, de uma sofreguidão por também serem enganados pelo pai. No entanto, tinham de encarar a realidade: precisavam dali em diante trabalhar para ajudar nas despesas da casa, porque a mãe há tempos dedicava-se apenas ao lar, aos filhos. Precisavam apoiá-la, amá-la mais. Sempre fora boa esposa, boa mãe, jamais desconfiou do marido, justamente com a Kátia...
Intentava a irmã por vários dias a perdoá-la, perdoar o marido que a amava tanto. Afinal, sou sua única irmã e ele o pai de seus filhos.
– Ele não a quer mais? Pois fique com ele, vocês se merecem. Depois de tudo que tivemos, éramos tão unidas, jamais imaginei ouvir seu nome da boca dele. Não consigo perdoá-la. Por favor, não me procure e não ligue mais, esqueça que existo e diga o mesmo ao... sabe quem. – Bateu-lhe a porta.
Superar uma traição, ninguém supera, mas tenta conviver com a verdade. Angelina teve de reaprender a dormir, a tomar as decisões sozinha. Voltaria a lecionar, profissão a qual abandonara pelos filhos, pelo marido. Outra mulher rompeu a manhã, a Angelina Pagliare (não mais assinaria o nome de casada: Porto Pacheco).
Por algum tempo, Cassiano ainda rondava a circunvizinhança, em vão, ao passo que Angelina, era uma nova mulher, decidida a viver só, apenas ela e os filhos e os alunos nos quais encontrou a nova razão para a vida. Soube há alguns dias que os adúlteros viviam juntos. Que vivessem, porque não mais se importava com a opinião alheia, a nova Angelina não lhe permitia divagar nesses pensamentos ínfimos dos outros, dos outros eus, em suas inúteis opiniões.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Era ninguém

Então também percebi que, num país, uma coisa é o governo, outra coisa é o povo."
Ondjaki


Xuxa, na verdade, era uma passante acolhida pelas ruas da vila dos Tupinambás (o nome nos sugere a ideia de ser uma vila habitada por selvícolas, ou pelo menos, descendentes, contudo, foi-lhe atribuído por um de seus fundadores o qual apreciava a história de Hans Staden e a da tribo que o aprisionou), entregue à misericórdia alheia, à solidão e divagação de seus pensamentos. Os transeuntes eram também personagens passageiros em seus dias. Ninguém sabia ao certo de onde aquela mulher vinha, ou mesmo, qual era o seu verdadeiro nome.
Todos imaginávamos que era apenas uma figura a qual marchava duma esquina à outra a procura d’um canto em que pudesse pernoitar. Outros, ainda, ignoravam sua presença, era ninguém, uma indigente. Mal amada, mal vestida, mal cheirosa, uma louca que falava sozinha. Uns poucos lhe serviam, nos dias frios, um pão com alguma coisa e um copo de leite quente com achocolatado, davam-lhe as roupas velhas sem utilidade.

Dia desses, adentrou no coletivo, atravessou o corredor, em que muitos se afastavam mais que podiam para que ela não os esbarrasse. Quem ousaria sentar ao seu lado? Mulher mal cheirosa, louca... Uma infeliz. Desceu. Todos, enfim, podiam respirar – não um ar puro – ao menos respirar sem que o cheiro lhes causasse náuseas.

Os moradores do bairro eram amigáveis entre si. Eu mesma era uma dessas pessoas amigáveis, dava bom dia ao seu José, boa tarde ao seu João, um olá a dona Maria. No entanto, quando Xuxa se fazia presente, desviávamos o olhar, prendíamos a respiração, evitávamos pensar no assunto, afinal, cada um escolhe sua própria sorte, ou não...
Alguns acham cômodo o viver em família, o relacionar-se entre os iguais. Para Xuxa, o viver era ser ninguém: que pudesse incomodar, amar. Era provável a existência de família: esposo, filhos. Apenas seus pensamentos desconexos possuíam a resposta.

– Ela tem família. Você não sabia?
– Não. Como a senhora sabe?
– Outro dia, estava tão frio que fiquei com um dó da pobre... Então levei pra ela um pão com mortadela, umas bolachas e uma garrafa com leite e achocolatado e um cobertor velho. Aí comecei a conversar com ela, falei de Jesus, de seu amor pelas pessoas. E a partir daí, foi que ela me falou que tinha marido, filhos e que se chamava Maria de Lourdes e um dia saiu de casa...
– Simples assim?
– Pois é... Simples assim! Sabe minha filha – tratava-me sempre com carinho a dona Nair, quando conversávamos – fiquei triste por ela. Viver desse jeito, sem casa pra morar, sem família. Mas ela diz ser feliz assim... eu não entendo. Não consigo viver sem a minha família, sem os meus netos, minhas filhas e genros. Deus tenha misericórdia dela, coitada.
– Amém, amém! – era só que podia dizer. Alguém, ao menos, fazia algo àquela mulher. Quantos albergam pessoas as quais, um dia, foram importantíssimas: políticos, advogados, filósofos. E essas vivem a vagar pelas ruas, sem nome, nem pouso; vivem exiladas de si mesmas. Pior que morrer é sub-viver: sem passado, presente ou futuro. Ter dentro da carne putrefata um coração a bater.

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